Resolução de conflitos: negociar com quem também tem razão
A resolução de conflitos depende de uma negociação justa, concorda? Amós Oz, famoso escritor e ativista político israelense, escreveu um ensaio chamado “Como curar um fanático¹”, no qual ele comenta a respeito de ataques terroristas.Em determinado ponto, ele esclarece como se sente a respeito de receber convites para passar um final de semana na Palestina, tomar um café e desfrutar de um tempo agradável de forma que israelenses e palestinos aprendam a conviver pacificamente:
“(…) Isso tem como base uma fantasia sentimental europeia bastante difundida de que todo confronto nada mais é do que um mal-entendido. Um pouco de terapia de grupo, um toque de conselho familiar, e depois todos viverão felizes para sempre.
(…) alguns conflitos são bem reais, são muito piores do que um mero desentendimento (…)² ”.
Você pode até estar achando o tema interessante, mas com certeza está se perguntando o que isso tem a ver com os nossos conflitos no Brasil, país tão distante, violento, porém sem o convívio com terroristas. Continue a leitura e entenda.
Importância da negociação na resolução de conflitos
Pois bem. Os conflitos fazem parte do cotidiano de todas as pessoas que convivem em sociedade. Aprender a viver com as diferenças, lidar com as adversidades e superar obstáculos estão presentes nos nossos dias.Contudo, tendemos sempre a argumentar para convencer o outro de que temos razão e de que nossas necessidades devem ser supridas, não importando muito o que pensa a outra pessoa. Vence aquele com melhor argumento ou o que leva mais tempo para se cansar das discussões sem fim. Estamos acostumados com a ideia de que para um ganhar, o outro, necessariamente, deve perder. E quando o autor fala que alguns conflitos são muito mais graves do que um simples desentendimento ele quer dizer que forçar um convívio ou uma situação socialmente agradável não resolve o âmago da questão, pois não está considerando que cada envolvido tem o seu ponto de vista e que, às vezes, as brigas possuem motivos extremamente relevantes e envolvem valores que são irrenunciáveis para as pessoas.Esse é o maior problema das negociações sem sucesso na resolução de conflitos. Entender que o “adversário” tem as suas razões, seus sentimentos, seus interesses e expectativas é fundamental para um bom resultado em acordo, evitando, inclusive, uma reclamação posterior daquele que se sentiu prejudicado.
Cuidados na negociação para resolução de conflitos
Um acordo que posteriormente vai para discussão no Judiciário não é um bom acordo. Amós Oz continua conosco nesse ponto de vista:
“(…) Carecemos de senso de justiça, mas também de senso comum, necessitamos de imaginação, de uma profunda habilidade de imaginar o outro, às vezes nos pondo no lugar dele. Precisamos de uma aptidão racional para o compromisso e às vezes para fazer sacrifícios e concessões (…)”³ .
Em uma negociação as informações precisam “estar na mesa” e isso inclui as expectativas e interesses da outra parte. Não há como fazer um acordo na resolução de conflitos sem que sejam estabelecidos os reais objetivos e sem que estejam claros os limites das concessões a serem feitas. Um bom acordo é aquele em que ambas as partes saem satisfeitas com o resultado e com o problema resolvido. Problema encaminhado diminui a angústia e problema resolvido gera tranquilidade para seguirmos com as nossas tarefas. Enxergar o outro, em meio a um problema sério, com certeza é muito difícil se considerarmos os sentimentos e sensações de tensão que nos causa, mas é premissa básica para resolver qualquer problema, analisando objetivamente todos os pontos envolvidos e organizando a estratégia adequada de solução.
Caso esteja com um problema estressante nas suas relações empresariais e cuja tensão está causando mal-estar, converse com um profissional habilitado para auxiliar na resolução de conflitos, enxergando o outro com isenção e negociando o que é fundamental para você com estratégia. Fale conosco e podemos lhe ajudar nesse sentido.